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Torcida organizada, inclusão social às avessas?

  • Igor Gabriel Souza Rodrigues
  • 13 de jan. de 2017
  • 3 min de leitura

A contradição humana se confunde com a minha história.

Quem já foi ao Vaticano e visitou a famosa capela sistina, teve com certeza o privilégio de se deleitar com o imenso acervo de obras de arte, porém uma obra que chama a atenção em especial é um afresco pintado por Michelangelo que retrata o juízo final, expressado com toda a pompa por esse gênio da humanidade.

O doutor Albert Sabin passa boa parte de sua vida trancada em um laboratório de pesquisas

desenvolvendo uma vacina contra a poliomielite, doença que condena uma criança eternamente a uma cadeira de rodas.

Um brilhante cientista desenvolve a fissão nuclear e com ela desenvolve a temida bomba atômica, coloca-a nas mãos de um presidente americano e este usa como pretexto político para acabar com a guerra, ordena que a joguem sobre duas cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki, incinerando em segundos mais de cem mil vidas e condenando outras tantas a mutilações e demais doenças pela contaminação radioativa. O que dizer então de dois jovens na faixa etária de 30 anos, em plena noite de natal de 2016, que espancam efusivamente um senhor de idade completamente indefeso com tamanha selvageria e ocasiona a sua morte.

O belo e o apavorante que o ser humano com a mesma eficácia, essa é a nossa contradição.

Usei este preâmbulo para dar início ao questionamento em epígrafe.

Não importa o time que você tem simpatia ou torce por ele, antes de tudo é um direito seu gostar! Se apaixonar pelo que lhe toca o coração, porém se você quiser demonstrar essa simpatia nos dias de hoje, você corre o sério risco de ser agredido por torcidas rivais, que são as torcidas ditas “organizadas” que reúnem todo tipo de gente de todas as classes sociais que se aceitam pelo simples fato de gostarem do mesmo clube, “O Pedrinho ou Manezinho”. O morador da periferia não é discriminado por ser semi analfabeto ou ser pobre, ali naquele meio ele é aceito. Se ele não tiver dinheiro para o ingresso, alguém do meio vai lhe financiar, então ele se sente acolhido e protegido como um bebê no útero da mãe, porque no seu trabalho ou no lugar onde mora quase não é notado, desse modo ele pode mostrar ao grupo que ele frequenta que ele é bom de briga e não tem medo de nada. Isso o torna respeitado e ele acredita que quanto mais belicoso com o adversário, maior será seus status no grupo, pois ao estar sozinho o mesmo não tem a mesma coragem, mas dentro do grupo ele é alguém. Ele espera com ansiedade os fins de semana quando tem jogo e o mesmo irá novamente encontrar o grupo e formar a simbiose perigosa, onde o racional e o irracional se misturam como jogar duas cores dentro de um liquidificador e dar origem a uma terceira cor.

Torcida organizada é esse caldo de integração às avessas, que em nome de uma paixão se tornam pessoas normais em animais vorazes sedentos por sangue. O resultado do jogo pouco importa o que importa é destruir o inimigo, ferir, causar lesões, matar e então ele vai dormir satisfeito e no outro dia irá contar aos amigos as suas “façanhas”. Existe um modo de acabar com isso?

Talvez desconstruindo essa integração social ás avessas fosse uma forma viável de coibir essas agremiações de bandidos, todavia, infelizmente a tendência é piorar, pois mesmo coibindo com leis mais severas a barbárie não tem uma explicação lógica, o ser humano cria coisas maravilhosas que eu já citei no começo dessa matéria e coisas tenebrosas também.

Foto: Retirada da internet

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