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Governo Haddad: Balanço da gestão do prefeito da juventude paulistana

  • Igor Gabriel Souza Rodrigues
  • 20 de jan. de 2017
  • 8 min de leitura

Encerrou no último dia 01/01/2017 a gestão do último prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad - PT (53 anos), que iniciou-se no dia 01/01/2013, marcados pelos intensos protestos que começou em Junho de 2013, devido ao aumento do transporte público e estenderam-se nos últimos três anos de sua gestão.

Como foi o governo do prefeito petista?

Uma das primeiras promessas do ex-prefeito em campanha de 2012 fora construir 150 km de corredores de ônibus, definidos como faixa exclusiva do lado esquerdo da via, com algum tipo de separação física (mesmo que pequena, com "tartarugas"), e mais 150 km de faixas exclusivas de ônibus, definidos como faixa exclusiva do lado direito da via, sem separação física, apenas com sinalização de solo. Até setembro de 2014, a gestão Haddad já havia licitado 97 km para construção de corredores de ônibus, sendo 37 km já em execução, e 60 km "aguardando licença ambiental, mas já contratados", segundo o prefeito. Além de ter superado a meta das faixas exclusivas, tendo implementado mais de 200 km delas na cidade.

Em fevereiro de 2015, 151 novas linhas de ônibus noturno foram lançadas em substituição a 98 linhas que circulavam na madrugada, agora extintas. A rede noturna atende toda a extensão da rede metroviária, terminais de ônibus e serviços 24 horas, e os coletivos circulam das 00:00h às 4:00h. 101 linhas operam com intervalo de 30 minutos e as outras 50 linhas são estruturais e circulam com intervalo de 15 minutos.

O jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou, em setembro de 2015, uma reportagem sobre Haddad e sua polêmica iniciativa de ampliação das ciclovias, defesa do uso de bicicletas e redução do volume de automóveis. O jornal disse que se Haddad "fosse o chefe de São Francisco, Berlim ou alguma outra metrópole, ele seria considerado um “visionário urbano"”. Em outubro do mesmo ano, o The New York Times o descreveu como o líder de um movimento que desafia a supremacia do automóvel após uma sucessão de políticas desastrosas, que pioraram o problema de mobilidade urbana no município.

O NYTimes cita que o prefeito da capital paulista se inspira em políticas de Nova York, Bogotá, Paris e outras cidades para construir ciclovias e corredores de ônibus, alargar calçadas, reduzir limites de velocidade, limitar estacionamentos em lugares públicos e proibir carros em determinadas vias aos finais de semana.

Em 4 de junho de 2014, Fernando Haddad e seu secretário dos transportes, Jilmar Tatto, anunciaram a meta de criar, até o fim da gestão Haddad, mais 400 km de malha cicloviária na capital. Até setembro de 2014, quase 80 km de novas ciclovias já haviam sido construídos. Em abril de 2016 a marca dos 400 km de ciclovias foi superada.

Ciclofaixas na cidade de São Paulo: marca registrada do governo Haddad

Apesar de algum grau de controvérsias, a expansão da malha cicloviária tinha, segundo pesquisa do Ibope em setembro de 2014, aprovação de 88% dos cidadãos da capital paulista. Além disso, um aumento expressivo no número de ciclistas vem acompanhando a expansão das ciclovias na cidade.

Segundo uma pesquisa do Datafolha de fevereiro de 2015, a aprovação das ciclofaixas caiu de 80% (09/2014) para 66% e a proporção de pessoas contrárias subiu de 14% para 27% no espaço de apenas 4 meses. Em 19 de março de 2015, a justiça decidiu paralisar as obras das ciclovias, com exceção da obra na Avenida Paulista, por falta de estudo de prévio impacto das alterações viárias sobre tráfego de veículos em vias públicas.

A liminar dada em primeira instância foi derrubada em 27 de março, após decisão do Desembargador Renato Nalini, na qual afirmou que a "falta de prévio estudo de impacto viário não é o bastante [...] Isso porque não se pode equiparar a alegação de estudo deficiente, como quer o Ministério Público, à ausência completa de prévia avaliação do impacto”.

Uma das promessas do prefeito Fernando Haddad era atuar na prevenção da corrupção nos órgãos vinculados à administração municipal.

Em maio de 2013, a Lei 15.764/2013 foi sancionada criando a Controladoria Geral do Município de São Paulo (CGM), com a finalidade de prevenir e combater a corrupção na gestão municipal, garantir a defesa do patrimônio público, promover a transparência e a participação social e contribuir para a melhoria da qualidade dos serviços públicos.

Embora tenha recebido críticas que remetiam a criação do novo órgão ao inchaço da máquina pública, a atuação da CGM trouxe resultados efetivos no que concerne às suas finalidades. Ainda no ano de 2013, a Controladoria Geral do Município foi responsável pela investigação de denúncias sobre servidores públicos, suspeitos de cobrar propina para livrar contribuintes do pagamento de Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza. O caso ficou conhecido como Máfia do ISS. Em 2015, após dois anos de funcionamento, foi divulgado um balanço no qual constava um retorno de R$90 milhões aos cofres da Prefeitura de São Paulo graças à atuação da CGM.

No entanto, o projeto de combate à corrupção de Haddad sofreu um revés no final de sua gestão, quando, por alegadas razões orçamentárias, o prefeito se viu obrigado a cancelar parte das nomeações dos novos funcionários da CGM, contratados por concurso público e que deveriam substituir servidores provisórios, indicados por nomeação política. A informação foi revelada pelo jornal “O Estado de São Paulo”, deixando dúvidas sobre a possibilidade de Haddad ter cedido a pressões políticas contrárias à investigação de irregularidades na Prefeitura.

Um fator interessante nessa matéria foi o adjetivo que Haddad adquiriu em sua gestão: O prefeito da Juventude Paulistana.

Por que será que tantos jovens adoravam Haddad? Muitos entre eles ensejavam que o prefeito se reelegesse e com isso o petista angariou muitos votos da mocidade paulistana.

A verdade é que o discurso da “meritocracia” imposto pelos mais velhos da cidade e pela população conservadora é incompatível com a juventude, que tenta a todo o custo quebrar esse paradigma: O discurso de que é pobre quem quer, Deus ajuda quem cedo madruga, tem que ralar para conseguir algo na vida e por ai vai.

Haddad agradou os jovens paulistanos da classe média, que muitos desses jovens, aliás, tem um embate político intenso com os seus pais e divergem politicamente.

Inúmeros desses jovens podiam pegar ônibus de graça e em horário expandido com o programa Passe Livre, e possuíam muitas áreas de lazer na capital paulista.

Uma medida pouco falada do atual prefeito de São Paulo foi a nomeação de Djamila Ribeiro, ativista feminista e negra, como Secretária-Adjunta dos Direitos Humanos da cidade. O que o jovem quer hoje? Representatividade! O jovem quer uma cidade plural, quer que todos tenham os mesmos direitos, independente da renda mensal, do gênero, orientação sexual e da cor da pele. Todo jovem? Não, mas os eleitores de Haddad sim. Enquanto isso, outros candidatos dão passos para trás com dizeres de que TODA mulher é isso ou aquilo.

Foi à primeira gestão em que a nova geração de eleitores teve consciência da política e sentiu a cidade melhorar. Por isso eles querem mais, querem continuidade para uma gestão interminada. Não interminada porque Haddad espalhou obras pela cidade, como Alckmin fez com o Estado e Marta fez quando foi prefeita, mas deu o gosto de “quero mais”. Mais espaço, mais creche, mais gente ocupando a cidade, em vez de carros.

Obviamente a gestão de Haddad não foi perfeita, faltou mais assistência na tão desolada periferia da cidade de São Paulo, mais escolas, mais hospitais, mais creches, mais inclusão social. Haddad pecou em não renovar nos contratos dos seguranças dos parques públicos por exemplo, mas sinceramente caro leitor.... Será que um prefeito consegue erradicar todos os problemas de uma cidade tão complexa como São Paulo em um período exíguo de 4 anos?

Mesmo muito longe de alcançar a meta, o prefeito construiu muitas creches e abriu hospitais na periferia, além de ter implementado cursos superiores dos CEUs. Além de ter melhorado a frota de ônibus, em relação à qualidade, diminuído o número de mortes no trânsito e viabilizado a bicicleta como meio de transporte. Isso interessa ao jovem: uma cidade diferente, inclusiva e que não gira em torno dos carros sempre apressados.

Colhi algumas opiniões de alguns cidadãos paulistanos a respeito do governo do último prefeito.

“Avalio a gestão como 50% positiva e 50% negativa. Pode parecer clichê, mas , é assim que avalio. Houve medidas que aprovei, coisas que não aprovei.Exemplos? Aprovei: As faixa de ônibus, a mobilidade melhorou pra quem faz uso. A melhoria na estrutura dos ônibus, mais tecnologia, mais conforto. Reprovei: Alguns pólos parecidos como a cracolândia e outros do gênero, acho pouco foi feito em relação a isso... Muitas...ok,ok...o Detran é um órgão assim assado e etc.. mas é claro pra mim que ano passado já havia um orçamento prévio que sabiam que seria alimentado por multas....e foi.... a grana que foi utilizada na compra destes equipamentos, em minha opinião poderia ter sido aplicada em N setores” opinião de Renato Carvalho, analista de qualidade de software , 26 anos.

“Ele quis mudar muita coisa em São Paulo, ele quis colocar ciclovias e ciclofaixas, só que determinados momentos começava a nublar e não terminava nunca as obras, ou então terminava alguns pontos isolados, a tinta não estava consistente, não havia segurança, muitos buracos, os ônibus aumentaram suas tarifas, retiraram algumas linhas de circulação. Ele mudou muita coisa, mas para o bem olhar dele e não para o povo” Opinião de uma pessoa que não quis se identificar.

“Avaliando a gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, não é difícil perceber que ele foi um dos melhores prefeitos que São Paulo já teve. Nas mais variadas áreas ele agiu acertadamente. No quesito finanças, conseguiu a proeza de renegociar a dívida da cidade, que caiu de R$ 74 bi para R$ 27,5 bi, em época da pior recessão da história do país. Na mobilidade urbana, questão muito criticada e que gerou muita polêmica, construiu 416 km de faixas exclusivas de ônibus (excedendo em 177% a meta prevista) e 150 km de ciclovias, o que mostra consonância com iniciativas das maiores metrópoles do mundo (inclusive recebeu o “Prêmio Transporte Sustentável” em Washington-EUA). Sem contar a corajosa redução das velocidades na marginais que, objetivamente, evitaram muitos acidentes e pouparam muitas vidas. Poderíamos citar muitas outras medidas.

Haddad, além de demonstrar competência e inteligência, sempre se manteve sereno diante das duras e, muitas vezes, injustas e agressivas críticas feitas por setores da mídia paulistana. Em contrapartida, foi chamado pelo periódico norte-americano Wall Street Journal de “visonário”, e ganhou a confiança da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, quando esta afirmou que votaria no petista para reeleição. Até agora, Haddad tem passado incólume através do furacão chamado “Lava-Jato”, que já atingiu diversos petistas. Difícil compreender o por quê de não ter sido reeleito, pois merecia a recompensa pelo trabalho bem feito. Talvez São Paulo não suporte um político “à frente de seu tempo”. “É uma pena, quem perde são os paulistanos.” Opinião de José Fernando Toledo,23, bacharel em relações internacionais e assistente de logística de treinamento.

“Na minha visão de leigo ele teve seus prós e contras. Uma colega minha foi voluntária no TETO (ONG voltada para moradores sem teto) e pelo que ela me alegou, o pessoal do governo do Haddad tinha uma abertura super bacana para os projetos do TETO, digo, no sentido de estarem preocupados com o pessoal que precisa e de deixar aqueles que podem ajudar. Foi um lado bacana do Haddad. Já na parte de transportes, eu sinceramente acho que pecaram um pouquinho, alguns dos meus professores na faculdade comentaram um pouco sobre as ciclovias, sobre as faixas de ônibus e sobre a redução de velocidade nas vias expressas ( porque o engenheiro civil que é responsável por isso, por todo o planejamento do tráfego, e os professores que comentaram a respeito eram justamente mestres e doutores na área) e nenhum (tipo... nenhum mesmo) falou bem, disseram que o planejamento foi precário (ou não existiu). Um deles até chegou a falar da “ciclotinta” em vez de ciclo faixas, sobre a corrupção, tem o lado do governo Haddad ter sido considerado um dos mais honestos, mas também tem o lado da campanha dele ter usado dinheiro desviado do petrolão” opinião de Leonardo Federmann,22, estudante de engenharia civil

Haddad concorreu à reeleição da Prefeitura de São Paulo e saiu derrotado ainda durante o primeiro turno das eleições, perdendo para o candidato João Doria Júnior do PSDB no dia 2 de outubro de 2016. Dória alcançou 53,29% dos votos válidos, 2.117.997 a mais que Haddad, que acabou na segunda colocação, somando 16,70%.

Fotos: Retiradas da internet

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