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O que será do futuro da esquerda na nossa Ilha de Vera Cruz?

  • Igor Gabriel Souza Rodrigues
  • 2 de fev. de 2017
  • 3 min de leitura

“O único ponto de partida para uma esquerda realista em nossos dias é uma constatação lúcida de sua derrota histórica”. A já conhecida frase de Perry Anderson publicada no editorial da “New Left Review” em 2000 ainda nos serve de guia para os dias de hoje.

Em 2016 a esquerda brasileira foi derrotada e a derrota foi consistente, além de perder a presidência do país, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em Agosto, teve uma perda substancial nas eleições municipais em Outubro do ano anterior, posteriormente a isso ainda veio a perda do monopólio da Petrobas no pré-sal e a aprovação da PEC 241 no último dia 10/10/2016.


Passada a perda colossal e a derrota acachapante restam agora a indagação leninista: O que fazer?


A avaliação é clara: em um país com dimensões continentais como o nosso e com um sistema político multipartidário baseado em eleições proporcionais para o parlamento, nenhum partido tem condições de levar adiante sozinho o seu programa. A partir daí surge com cada vez maior vigor a idéia da Frente Ampla como guarida à esquerda.


De fato, já houve uma Frente Ampla vitoriosa no Brasil em 2002, quando o PT trouxe para vice de Lula o empresário José Alencar do então PL. Essa Frente Ampla se reconfigurou em 2010 quando o PMDB assumiu a vice-presidência na chapa de Dilma Rousseff.


No entanto, a tal Frente Ampla começou a se desfazer em 2013 quando o PSB de Eduardo Campos saiu da base aliada, em 2015 com a eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados e, finalmente, em 2016 com o impeachment.

Agora com o isolamento dos partidos políticos da esquerda no cenário político brasileiro e com os erros devidamente aprendidos com a última experiência, ressurge a necessidade de uma nova frente ampla, mas como organizá-la?


Uma nova avaliação dessa nova frente ampla, é que o PT (Partido dos Trabalhadores) não pode dirigir unilateralmente e é preciso inevitavelmente um compartilhamento maior de suas decisões em seu interior, uma sinalização importante disso seria ceder a vaga de candidato a presidência para outra legenda, quem sabe Ciro Gomes do PDT.


Se a amplitude não estiver apenas no nome, precisará reunir em seu bojo duas frentes dos movimentos sociais que hoje estão organizadas na sociedade brasileira: a Frente Brasil Popular (PT, PCdoB, PDT, MST, UNE, UBES, CUT, CTB etc) e a Frente Povo Sem Medo (PSOL, MTST etc).


A nova frente ampla deve representar o que há de novo na sociedade brasileira, por esse motivo a chapa de 2018 que concorrerá para o pleito da presidência deverá emergir um nome que surgirá dos movimentos sociais, talvez um líder do MTST (Movimento dos trabalhadores sem teto) ou uma ex-presidenta do UNE (União Nacional dos Estudantes). Indicações também podem vir do atual quadro partidário como Fernando Haddad ou mesmo Eduardo Suplicy.


Há outro aspecto bem relevante para a composição dessa frente ampla.

No Congresso Nacional tramita uma Proposta de Emenda Constitucional que visa reduzir drasticamente a quantidade de partidos existentes no país.


A PEC 36/2016 de autoria dos senadores tucanos Aécio Neves e Ricardo Ferraço propõe a cláusula de barreira – ou seja, só poderão funcionar no Congresso os partidos que tiverem mais de 3% dos votos – e o fim das coligações partidárias.


Se aprovada, partidos como PCdoB, PSOL, REDE, PV, PPS, PPL, PSTU, PCB e talvez o PDT deixe de ter tempo de televisão, rádio e acesso ao fundo partidário. Ou seja, acabariam.


Contudo, a dialética tem das suas ironias. Da contradição de uma mudança institucional que reduz direitos dos partidos políticos, pode surgir a brecha para uma nova forma de atuação da esquerda brasileira: a federação partidária.


A PEC põe fim à coligação entre partidos, mas cria um novo mecanismo chamado federação partidária. Os partidos unidos em uma federação partidária disputam juntos as eleições, mas após eleitos precisam continuar funcionando como um bloco político até a realização de novas eleições quatro anos depois.


Porém a tendência é que os partidos da esquerda brasileira lancem em 2018 seus respectivos candidatos isoladamente, exemplo disso seria: Luciana Genro (PSOL), Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (REDE) o que dificultaria a junção desses blocos partidários.


Uma coisa é certa: o sucesso da empreitada dependerá da generosidade política de todos para cederem em algum ponto.

Seja qual for o futuro da esquerda, uma coisa é inevitável: deverá passar por uma renovação política.


Enfim, o que acontecerá com a esquerda brasileira só o tempo pode nos dizer, mas posso arriscar que um longo período de oposição política à direita estabelecida no governo deverá prevalecer nos próximos anos vindouros.

Foto: Retirada da internet

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