A era do teto de vidro

Cuidado com o que diz, porque no final você pode ser processado. Essa é a realidade do nosso país e se não dizer do planeta no século XXI, um mundo onde as pessoas se ofendem facilmente e já é o suficiente para ceifar amizades de longas datas ou travar brigas totalmente desnecessárias no sistema judiciário.

O politicamente correto aos poucos foi se consolidando no nosso país. As relações sociais estão cada vez mais sensíveis, o dialogo e a dialética são pouco utilizados e aproveitados, sempre barrados por termos que as pessoas julgam ofensivos e totalmente indecorosos, empobrecendo o debate e a imersão de grandes idéias com o receio de ser reprimido.

O politicamente correto é a versão real da novilíngua, idealizada pelo governo autoritário do livro de ficção “1984”, de George Orwell. A novilíngua não nascia naturalmente como expressão da cultura e acúmulo de conhecimento do povo, mas pela condensação e remoção dos vocábulos e de seus significados, a fim de limitar o pensamento. Simplesmente não pode estar no universo das pessoas algo que elas não têm palavras para dar sentido pleno. Controlando, portanto, a linguagem, os governantes controlavam os pensamentos e qualquer oposição que pudesse surgir de novas idéias. Logo, não era preciso se preocupar em proibir a menção de coisas, pessoas, ou situações. Bastava diminuir o escopo de construção racional sobre elas.

No entanto, o mais grave ocorre quando da emissão de opiniões, de idéias ou da consciência. Expressar desacordo tornou-se discurso de ódio, e qualquer parecer contrário aos interesses de um determinado grupo vira “fobia”. Ou seja, opinião é criminalizada sem a necessidade de lei.

A era do teto de vidro, faz referência à uma sociedade totalmente melindrosa, na qual qualquer opinião omitida que seja contrária as suas idéias, já vira motivo de ressentimento e mágoa e caro leitor. É a realidade da ditadura do politicamente correto na qual vivemos hoje em dia.

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