Relações líquidas, fato iminente ou deficiência social?
- Igor Gabriel Souza Rodrigues
- 24 de fev. de 2017
- 2 min de leitura

A era da liquidez.... parece um termo bem instigante e complexo, mas na verdade ele é muito atual e recorrente nas relações sociais do mundo pós-contemporâneo. Nenhuma relação é feita para durar, e a fragilidade humana é uma peculiaridade desse século.
A teoria foi elaborada pelo grande sociólogo Zygmunt Bauman (morto no último dia 07/01), na qual ele dizia que nada é duradouro, nada é feito para durar, tampouco sólido, os relacionamentos escorrem das nossas mãos por entre os dedos feitos de água.
Bauman tenta mostrar nossa dificuldade de comunicação afetiva, já que todos querem relacionar-se. Entretanto, não conseguem, seja por medo ou insegurança. O autor ainda cita como exemplo um vaso de cristal, o qual à primeira queda quebra. As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.
É um mundo de incertezas, cada um por si. Temos relacionamentos instáveis, pois as relações humanas estão cada vez mais flexíveis. Acostumados com o mundo virtual e com a facilidade de “desconectar-se”, as pessoas não conseguem manter um relacionamento de longo prazo. É um amor criado pela sociedade atual (modernidade líquida) para tirar-lhes a responsabilidade de relacionamentos sérios e duradouros. Pessoas estão sendo tratadas como bens de consumo, ou seja, caso haja defeito descarta-se - ou até mesmo troca-se por "versões mais atualizadas".
Bauman fala também sobre o amor próprio: o filósofo afirma que as pessoas precisam sentir que são amadas, ouvidas e amparadas. Ou precisam saber que fazem falta. Segundo ele, ser digno de amor é algo que só o outro pode nos classificar. O que fazemos é aceitar essa classificação. Mas, com tantas incertezas, relações sem forma - líquidas - nas quais o amor nos é negado, como teremos amor próprio? Os amores e as relações humanas de hoje são todos instáveis, e assim não temos certeza do que esperar. Relacionar-se é caminhar na neblina sem a certeza de nada - uma descrição poética da situação.
As relações sociais talvez estejam assim devido a decorrência do uso de aparelhos eletrônicos no nosso cotidiano, sendo Iphones, tablets, notebooks, smartphones e etc. Tudo para disfarçar o velho medo da solidão, o contato via rede social tomou boa parte do tempo das pessoas, em detrimento do contato físico, sabemos que isso afeta a essência biológica humana pois todo o ser humano necessita de um contato físico, mas o mais grave ao meu ver é a ausência de comprometimento em relações afetivas, talvez com medo de sofrer emocionalmente e assim isolar-se do mundo.
Por isso caro leitor, temos que nos adaptar a essa nova realidade e mudar essa situação!
Foto: Internet



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